O número de casos de obesidade entre crianças, adolescentes e adultos aumentou muito nos últimos 20 anos, por isso, essa doença passou a ser considerada uma epidemia!
Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), a prevalência de obesidade dobrou nos últimos 40 anos. Em 1980, apenas 5% dos homens e 8% das mulheres eram obesos. Já em 2014, esses números mudaram bastante, 39% dos homens e 40% das mulheres com mais de 18 anos tinham obesidade.
No Brasil, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde de 2020, 60,3% dos adultos possuem excesso de peso e 25,9% da população brasileira possui obesidade, ou seja, mais de 41,2 milhões de adultos. Entre as crianças e adolescentes, esses números também vêm crescendo.
Entre as crianças menores de 10 anos, é estimado que cerca de 6,4 milhões tenham excesso de peso e 3,1 milhões tenham obesidade. E entre os adolescentes, aproximadamente 11 milhões possuem excesso de peso e 4,1 milhões obesidade.
Esses dados mostram que a obesidade é um problema de saúde pública, pois está associada a altas taxas de morbidade e mortalidade por todas as causas e por doenças cardiovasculares.
Vamos entender melhor então quais as origens, como identificar e que opções temos para
abordar a obesidade?
A obesidade consiste em uma doença crônica que se desenvolve devido ao aumento do consumo de alimentos acompanhada da diminuição da realização de atividade física.
Assim, pode-se dizer que a obesidade consiste no acúmulo de tecido gorduroso causado por um desequilíbrio nutricional, ou seja, há maior ingestão de energia (consumo de alimentos) sem que esta seja gasta ou “queimada” por meio de atividade física, por isso, ela se acumula na forma de gordura. Por outro lado, a obesidade também pode estar associada a distúrbios genéticos ou endócrino-metabólicos.
Quando falamos da falta de atividade física associada à obesidade, não significa necessariamente ir na academia todos os dias ou fazer longas corridas e caminhadas. A atividade física a que nos referimos consiste em qualquer movimento que fazemos no dia a dia que consuma energia, como caminhar, subir escadas, limpar o pátio, dançar, organizar a casa, etc. Por isso, diz-se que, no geral, a obesidade está associada a diminuição na realização destas atividades.
É claro que mesmo fazendo tudo isso, a obesidade pode se desenvolver e, por isso, a realização de exercícios físicos, como musculação, caminhada, natação, alongamentos, entre outros, é essencial na manutenção da saúde.
A obesidade é uma doença multifatorial, o que significa que sua causa envolve desde a genética, fatores endocrinologicos, psicológicos e comportamentais e até influências culturais e sociais.
A maioria dos casos de obesidade é causada por um desequilíbrio entre a ingestão de alimentos e o gasto calórico, associado a diversos fatores já citados, assim como:
Porém, outras possíveis causas de obesidade, mais raras, incluem:
Agora que já sabemos os diversos fatores que podem levar à obesidade, vamos aprender a identificá-la.
O principal critério utilizado para diagnóstico e classificação da obesidade é o IMC (Índice de Massa Corporal). O IMC consiste em um cálculo entre o peso e a altura do indivíduo, sendo obtido a partir da fórmula: peso/altura². O IMC é fácil de se obter e possui grande relação com o percentual de gordura corporal.
Então, a fórmula fica assim: IMC = Peso / Altura².
Além do IMC, a circunferência abdominal também é bastante utilizada na avaliação da obesidade. A circunferência abdominal é mensurada se passando uma fita ao redor do abdome ao nível da cicatriz umbilical com o paciente em pé. Outros índices utilizados são a medida do quadril e a avaliação de risco clínico geral.
Outros exames complementares podem ser utilizados para avaliação clínica e laboratorial de indivíduos com sobrepeso e obesidade. Todas as informações obtidas são importantes para classificar o tipo e a gravidade da condição de saúde do paciente e elucidar as opções de tratamento.
Mais detalhes sobre a identificação e classificação da obesidade, você pode conferir no artigo Avaliação e Níveis de Obesidade aqui do nosso blog.
Há três principais medidas que podem ser instituídas no tratamento da obesidade.
As medidas iniciais consistem no tratamento não farmacológico, ou seja, sem o uso de medicamentos, que incluem:
A instituição do tratamento farmacológico sempre deve se dar em associação às medidas não farmacológicas. Assim, o uso de medicamentos no tratamento da obesidade é indicado para pacientes com IMC ≥ 30 ou ≥ 27 associado a fatores de risco, após falha do tratamento clínico em 6 meses.
O tratamento cirúrgico para obesidade é baseado na cirurgia bariátrica, que é indicada para um grupo especial de indivíduos.
A cirurgia bariátrica é indicada para pacientes com IMC ≥ 40 ou ≥ 35 com comorbidades relacionadas à obesidade, que desejam perder peso, mas que não tiveram melhora com os tratamentos não farmacológicos com ou sem o uso de medicamentos.
Outras opções cirúrgicas vêm sendo estudadas para pacientes com IMC > 30 e < 35 com comorbidades graves relacionadas à obesidade.
São diversas as técnicas utilizadas na cirurgia bariátrica para controle da obesidade. O médico e o paciente devem optar pela que trará melhores resultados e segurança em cada caso. Se você se encaixa nessas condições e deseja realizar cirurgia bariátrica, converse com seu médico e analise o que é melhor para a sua saúde!
A obesidade é uma doença causada por diversos fatores associados e que possui um grande leque de opções de tratamento. Identificar e tratar a obesidade não é uma trajetória fácil, mas com persistência e um bom acompanhamento com profissionais da saúde qualificados, é possível recuperar a qualidade de vida do paciente!