O excesso de gases é uma queixa importante no consultório médico, visto que gera uma diminuição da qualidade de vida do paciente, constrangimento e retração.
A eliminação de gases do trato gastrointestinal pela via anal é chamada de flatos. O excesso de gases consiste no excesso na eliminação de flatos.
O gás proveniente do trato gastrointestinal pode ser originado por deglutição de ar, produção dentro do intestino ou difusão por meio da parede intestinal.
Os flatos são compostos pelos elementos O2, N2, CO2, H2 e CH4. A predominância de gases como CO2, H2 e CH4 nos flatos, que estão presentes em quantidades mínimas na atmosfera, indica que a causa do excesso de gases está associada à produção intestinal.
A presença de grande quantidade de H2 e CO2 nos flatos deriva da fermentação de alimentos ou da presença de carboidratos não absorvíveis no cólon. Isso indica má absorção de carboidratos, o que pode sugerir até deficiência de lactase.
Por outro lado, se houver maior presença de ar deglutido como fonte de excesso de gases, haverá maiores quantidades de N2. Essa origem de excesso de gases está geralmente associada a fatores emocionais.
A identificação de altos níveis de H2, o que indicaria gases derivados da fermentação intestinal, pode ser realizada por meio de um teste respiratório para detecção dos níveis de H2 no ar expirado após ingestão de carboidratos.
Em caso de não ser identificado um aumento de H2, pode-se sugerir que o excesso de gases tenha outras causas, como deglutição de ar.
O trânsito intestinal consiste no trajeto que o alimento faz após ser ingerido (deglutição) até chegar ao intestino grosso. O tempo estimado para que ocorra esse trajeto é denominado tempo de trânsito oro-cecal.
O tempo de trânsito oro-cecal pode ser estimado pelo tempo entre a deglutição da substância e o primeiro pico de elevação significativa do H2 no ar expirado durante um teste respiratório.
O tempo de trânsito oro-cecal pode estar diminuído ou aumentado. No geral, está diminuído na presença de diarreia e aumentado em casos de constipação intestinal. A estimativa do tempo de trânsito oro-cecal pode contribuir para a avaliação e tratamento dessas duas condições. Tanto a diarreia, quanto a constipação podem estar associadas a excesso de gases.
Para realizar o teste respiratório de H2, no dia anterior ao exame, o paciente deve seguir uma dieta específica, evitando-se alguns alimentos facilmente fermentáveis. Além disso, o indivíduo também deve estar em jejum de 8 a 12 horas.
Antes de ingerir qualquer substância, o paciente deve realizar a primeira coleta de ar para mensuração da quantidade de H2. Essa coleta é realizada por meio do sopro do paciente em um equipamento.
Assim, em seguida, para realização do teste respiratório, o paciente deve ingerir 200 ml de uma substância líquida, que poderá conter lactulose, lactose, glicose, frutose, D-xilose ou Sorbitol, dependendo do que precisa ser investigado.
Após a ingestão da substância, são realizadas novas mensurações de H2 a cada 10 minutos durante em torno de 5 horas. Os resultados são analisados com base nos níveis de detecção de H2 no ar expirado do paciente.
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