Como todo procedimento médico, a cirurgia no obeso traz consigo uma série de riscos. Entretanto, deve-se ressaltar que a relação entre o risco e o benefício é sempre levada em conta no momento de se indicar o tratamento. O obeso mórbido, como o próprio nome já diz, apresenta algumas doenças em percentual maior que a população normal, e deve ser conduzido com extremo cuidado durante todas as etapas do pré, intra e pós operatório. Porém, deve-se enfatizar que as perspectivas sem a redução do peso são por demais sombrias reduzindo sua qualidade de vida e sua expectativa de vida.
Comparando-se as taxas de morbidade (possibilidade de complicações) e mortalidade do tratamento cirúrgico, com a morbi-mortalidade do não tratamento de pacientes com obesidade mórbida, a cirurgia apresenta vantagens óbvias. Só para ilustrar, a taxa de mortalidade do grupo de pacientes que aguardam o momento de serem operados na fila do serviço de Cirurgia para Obesidade do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo é de 2,7% vezes maior que a mortalidade da cirurgia que é de 0,3%. Mesmo quando se compara esse grupo de não-operados com a cirurgia aberta, a taxa de mortalidade do grupo não operado é quase duas vezes maior.
Uma outra avaliação científica realizada na Suécia comparando 2.000 indivíduos que foram divididos em dois grupos através de sorteio (estudo randomizado), mostrou que, após seis anos de análise, apenas três pacientes do grupo submetido a cirurgia gástrica restritiva aberta haviam morrido, contra 27 do grupo submetido a tratamento dietético, o que revela uma mortalidade nove vezes maior do tratamento conservador.
Quanto à Cirurgia da Banda Gástrica Laparoscópica especificamente, alguns problemas podem ocorrer, embora, de modo geral, os procedimentos laparoscópicos tragam grandes benefícios quanto à diminuição dos riscos. É importante frisar que a cirurgia visa estabelecer um padrão alimentar que permita uma ingestão pequena de alimentos sólidos, promovendo a sensação de saciedade precoce. A capacidade para ingerir líquidos e líquidos-pastosos permanece quase inalterada. Portanto, se não houver colaboração do paciente no sentido de evitar alimentos de alto teor calórico, a perda ponderal será bem pequena. Portanto, não se pode esperar que a cirurgia “milagrosamente” venha transformar pessoas extremamente obesas sem a devida cooperação.
Um dos problemas que pode acontecer, embora com incidência muito baixa, é a infecção no local de implantação do portal de injeção, que, apesar de não proporcionar risco de morte, faz com que este tenha de ser removido temporariamente, para depois ser substituído por outro. Apesar de rara, a infecção também pode acontecer na faixa colocada ao redor do estômago e ainda dentro do abdome, necessitando a remoção de todo o sistema. A taxa de infecção média gira em torno de 0,5% e pode ser minimizada com cuidados rigorosos de assepsia durante o ajuste da banda.
Outro problema que pode acontecer é a migração da banda para porções mais inferiores ou superiores do estômago; o risco deste evento, que também está em torno dos 0,5%, ocorre quando os pontos que fixam a faixa no estômago se rompem, e freqüentemente são causados pela insistência dos pacientes em fazer uma alimentação forçada, pela introdução muito precoce de grandes quantidades de alimentos ou quando a banda é super-insuflada.
Apesar de possuir altos padrões de qualidade, inclusive com a certificação de qualidade ISO 9000 e de ser testada antes de ser implantada na cirurgia, existe a possibilidade de, com o tempo, ocorrerem vazamentos no balão ou no tubo de conexão da banda, o que implica na dificuldade em se obter uma perda de peso satisfatória, e que necessita a substituição da banda gástrica ou de parte do dispositivo. Esta possibilidade também é remota – acontecendo em menos de 1% dos casos.
Outras complicações pulmonares e cardíacas, podem ocorrer, principalmente naqueles pacientes com muitos fatores de risco, contabilizando um risco total de complicações entre 3% e 5% e uma mortalidade global inferior a 0,1%. A taxa média de indivíduos que necessitarão de uma re-operação é de ± 2%, sendo causadas pelas complicações acima descritas.
Os pacientes com obesidade mórbida freqüentemente apresentam variações anatômicas importantes, como grande aumento no tamanho do fígado, grande quantidade de gordura ao redor do estômago, aderências intra-abdominais, etc. Estes fatores podem, em alguns casos, tornar a cirurgia impossível de ser realizada pelo método laparoscópico, necessitando que o procedimento seja suspenso ou então convertido à cirurgia aberta, totalizando um risco de ± 2%. Esta situação pode acontecer em qualquer procedimento videolaparoscópico e é chamada de taxa de conversão, não sendo caracterizada exatamente com uma complicação. Nestes casos, o procedimento é feito da mesma maneira, só que com o abdome aberto.
Vale frisar que a banda gástrica vem sendo utilizada na Europa desde 1984 através de cirurgia aberta e há cerca de cinco anos com videolaparoscopia, acumulando uma experiência de milhares de casos. De acordo com os dados de investigação científica, este é o procedimento cirúrgico que apresenta as menores taxas de complicações, com uma perda de peso superponível às boas técnicas de cirúrgicas abertas.